Trabalho associado e Economia Solidária: o caso da juventude trabalhadora da Eco Várzea
Wesley Jordan Pereira da Silva
wesley.silva.472@ufrn.edu.br
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Natal, Rio Grande do Norte, Brasil - ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9170-5820
Manuella Castelo Branco Pessoa
manucastelobranco2@gmail.com
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - João Pessoa, Paraíba, Brasil - ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3523-8708
Matheus Vasconcelos Castelliano
mvcastelliano@gmail.com
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) - Campina Grande, Paraíba, Brasil – ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7687-0254
Recibido: 10/05/2024 - Aceptado: 05/11/2024
Resumo: Este artigo objetiva compreender os modos de trabalho de jovens agricultores em uma associação de agricultura familiar, buscando as aproximações entre o seu trabalho, trabalho associado e Economia Solidária. Foi conduzida uma pesquisa qualitativa e de campo na Feira Agroecológica da Eco Várzea com três jovens agricultores, residentes de assentamentos rurais. Na pesquisa, a técnica utilizada foi a observação participante e o instrumento foi o diário de campo, para registros do conteúdo das observações, das impressões pessoais dos pesquisadores e de informações relevantes para a pesquisa. O estudo encontrou que, embora inegavelmente importante em termos de prover sustento, para os três jovens o trabalho extrapola obter renda e permite que eles socializem, desenvolvam uma identidade positiva com o que fazem e pertençam a um coletivo e à comunidade. Práticas autogestionárias foram identificadas em suas atividades de trabalho. Dentro da perspectiva de trabalho associado, ao dialogar com a Economia Solidária, esta pesquisa pôde identificar que tais práticas coletivas e autogestionárias não são nomeadas como tal pelos jovens participantes, a saber, entre outras: a participação em assembleias, o valor atribuído à coletividade e o entendimento de que é a comunidade que mantém a associação e a feira funcionando.
Palavras-chave: Juventude, Trabalho associado, Economia Solidária, Agricultura familiar
Resumen: Este artículo busca comprender los modos de trabajo de los jóvenes agricultores en una asociación de agricultura familiar, buscando las aproximaciones entre su trabajo y la Economía Solidaria. Se realizó una investigación cualitativa y de campo en la Feria Agroecológica de la Eco Várzea con tres jóvenes agricultores, residentes de asentamientos rurales. En la investigación, la técnica utilizada fue la observación participante y el instrumento fue el diario de campo, para registros del contenido de las observaciones, de las impresiones personales de los investigadores y de informaciones relevantes para la investigación. El estudio encontró que, aunque innegablemente importante en términos de proveer sustento, para los tres jóvenes el trabajo va más allá de obtener ingresos y permite que socialicen, desarrollen una identidad positiva con lo que hacen y la pertenencia a un colectivo y a la comunidad. Se han identificado prácticas autogestionarias en sus actividades de trabajo. Dentro de la perspectiva de trabajo asociado, al dialogar con la Economía Solidaria, la investigación pudo identificar que tales prácticas colectivas y autogestionarias no son nombradas como tales, a saber, entre otras: la participación en asambleas, el valor atribuido a la colectividad y el entendimiento de que es la comunidad la que mantiene la asociación y la feria funcionando.
Palabras clave: Juventud, Trabajo asociado, Economía Solidaria, Agricultura familiar
Abstract: This article aims to comprehend the work practices of young farmers in a family farming association seeking connections between their work, associated work and the Solidarity Economy. A qualitative and field research was conducted at the Agroecological Fair of Eco Várzea with three young farmers, residents of rural settlements. In the research, the technique used was participant observation and the instrument was the field diary, for the content of the observations, the personal impressions of the researchers and other relevant information. The study found that, while undeniably important in terms of providing sustenance, for the three young workers work goes beyond earning income, it allows them to socialize, develop a positive identity with what they do and belong to a collective of workers and a community. Importantly, self-management practices were identified in their work activities. Within the perspective of associated work and Solidarity Economy, this research was able to identify that such collective and self-managed practices are not named as such by the young participants. Among others, the participation in assemblies, the value attributed to the community and the understanding that it is the community that keeps the association and the fair working.
Keywords: Youth, Associated work, Solidarity economy, Family farming
Entende-se por juventude o período entre 15 a 29 anos, segundo definição encontrada em marcos legais como o Estatuto da Juventude (Brasil, 2013). Para além de uma definição puramente etária, parte-se de uma perspectiva crítica de juventude que a compreende enquanto segmento populacional diverso e construído socialmente. Conforme argumenta Dayrell (2003), ser jovem é um processo influenciado pelo meio social em que se desenvolve e pela quantidade de trocas que este proporciona.
A juventude brasileira é circundada pela demanda de se inserir profissionalmente. Como indicam Abrantes e Bulhões (2016), é imprescindível considerar que o jovem em atividade no mundo deve ser compreendido em sua relação com o trabalho, vinculado à necessidade de formação profissional. São jovens que comumente precisam trabalhar para se sustentar, sustentar as suas famílias e até para se manter estudando (Abrmo, Venturi & Corrochano, 2020). A literatura especializada tem demonstrado que se trata do segmento populacional mais atingido pelo desemprego, alvo de postos de trabalho mais precarizados e de processos de informalização (Silva, Galeto & Bastista, 2020; Corseuil, Franca & Poloponsky, 2020).
Compreender de maneira contextualizada a relação dos jovens com o trabalho no Brasil significa considerar o seu potencial de gerar novos modos de viver coletivamente. Alia-se a isso a necessidade de se pensar em outras formas de a juventude produzir e trabalhar, o que justifica a relevância e o interesse de estudá-la, como foi feito, em contextos de trabalho associado, agricultura familiar e Economia Solidária.
A Economia Solidária é um modo de produção que se opõe ao modelo capitalista. Ela se alicerça sobre a tese de que é possível utilizar as contradições do capitalismo para criar oportunidades de desenvolvimento de organizações econômicas opostas a ele. É por esse caminho que Esteves e Andrada (2021:38) a conceituam de forma a evidenciar que se pode também a definir como uma “utopia concreta anticapitalista”, visto que, ao ser realizada pelos trabalhadores, se mostra como uma realidade possível.
A Política Nacional de Economia Solidária (SENAES) a descreve como:
um novo modo de organização da produção, comercialização, finanças e consumo que privilegia a autogestão e a cooperação em empreendimentos coletivos, redes e cadeias solidárias articuladas no âmbito de segmentos econômicos. Ao considerar o ser humano na sua integralidade, como sujeito e finalidade da atividade econômica, a Economia Solidária desenvolve as capacidades dos trabalhadores e trabalhadoras, valoriza o associativismo, o trabalho das mulheres e de outros setores excluídos da sociedade, expressando um novo modelo de desenvolvimento sustentável e solidário (Brasil, 2013)
Em outras palavras, trata-se de uma atividade econômica e movimento orientados coletiva e solidariamente sob práticas autogestionárias (Brasil, 2013). Singer (2002) a considera como um movimento que é mais que somente uma resposta à incapacidade inclusiva do capitalismo. O autor defende que se tem na Economia Solidária uma alternativa superior exatamente por proporcionar para aqueles que a adotam, sejam produtores ou consumidores, uma vida melhor. Entende-se vida melhor para além de ganhos financeiros imediatos, em sentido de que ela possibilita o melhor relacionamento com as pessoas, o poder de escolha quanto a trabalhar com algo que dá mais satisfação, a maior autonomia para gerir o trabalho e possuir maior participação em tomadas de decisão importantes (Singer, 2002).
O principal mérito da autogestão é o desenvolvimento humano que ela proporciona, tendo em vista que a participação em discussões e decisões do coletivo, ao qual se está associado, educa e conscientiza, tornando a pessoa mais realizada, autoconfiante e segura (Singer, 2002). Sato e Esteves (2002) descrevem que a autogestão oferece aos trabalhadores a possibilidade de verbalizar seus pontos de vista, impactar em processos decisórios, refletir sobre a realidade em que se inserem e não somente participar na resolução de problemas, mas também reavaliar as decisões tomadas.
A empresa solidária, descrita por Singer (2002), é gerida democraticamente e em uma lógica que busca subverter a divisão social do trabalho hegemônica, com a existência de assembleias, por exemplo, que garantem a horizontalização e participação de todos na deliberação em nome de todos e a inexistência de hierarquias como as encontradas em empresas capitalistas. Na empresa solidária, todos que nela trabalham têm os mesmos direitos sobre o seu destino (Singer, 2005).
Entende-se que o trabalho com base na autogestão pode ser compreendido como sinônimo de trabalho associado. Esteves (2002) caracteriza trabalho associado da seguinte forma: (1) a associação voluntária de trabalhadores, com o intuito de que o trabalho seja coletivo e complementar; (2) a posse associativa dos meios de produção, necessária para o trabalho; (3) a gestão democrática do empreendimento, organizada pelos trabalhadores; e (4) a remuneração pelo trabalho associado, que se difere de um salário. A discussão levantada por Esteves (2002) tem o objetivo de sinalizar as diferenças entre o trabalho associado e o vínculo empregatício (ou o emprego).
Como se pensar, assim, a juventude em processos de trabalho como os descritos?
Alguns autores têm investigado a relação da juventude camponesa com a Economia Solidária (Scopinho, 2015; Novais et al., 2016; Silva et al., 2022; Santos, Souza & Martins, 2022). Ao estudarem a juventude camponesa em contexto de agricultura familiar e Economia Solidária, Novais et al. (2016) apresentam as principais dificuldades encontradas pelos jovens no campo. Entre elas está o risco de abandonar a comunidade e a casa dos pais como consequência, por exemplo, da carência de transporte coletivo, acesso a serviços de saúde, escolarização regular e atividades culturais atrativas. Também para buscar melhores oportunidades de remuneração e de formação. Os autores desenvolveram um projeto que buscou promover um fundo rotativo solidário e oficinas de inclusão digital com a participação de aproximadamente 15 jovens, em Goiás, no Brasil, com o objetivo de proporcionar à população do assentamento melhores condições de praticar a Economia Solidária e maiores oportunidades para a juventude.
As revisões de literatura realizadas por Santos, Souza e Martins (2022) e Silva et al. (2022) também propõem a investigação do que vem sendo publicado no país em termos de juventude rural e Economia Solidária. De acordo com os autores, um ponto central da discussão é o êxodo rural e a permanência dos jovens no campo. A busca por uma vaga no mercado de trabalho aparece como a principal justificativa para os jovens passarem a cogitar abandonar o campo. Como justificativa para permanecerem, dar continuidade àquilo que sua família construiu e, ao mesmo tempo, possuir uma renda.
O trabalho associado tem proporcionado melhores condições de permanência para esses jovens, de acordo com Carvalho (2022), ao permitir maior acesso a recursos materiais, financeiros e assessoria técnica, bem como por fortalecer vínculos sociais e construir uma identidade camponesa positiva. Contudo, é importante considerar, como têm chamado a atenção Santos, Souza e Martins (2022), que sair ou permanecer no meio rural está relacionado a uma série de fatores, desde a garantia de direitos no campo até os projetos de vida da juventude, e que a Economia Solidária também surge para os jovens que se encontram no campo como uma possibilidade econômica, alternativa de futuro e meio de garantir a permanência em seu local de origem.
Em relação à juventude, rural ou não, pode-se observar que a Economia Solidária tem se mostrado como uma alternativa ao desemprego e proporcionado a obtenção de renda, por vezes sob os seus princípios; por outras, não (Tiriba & Fischer, 2011; Rueda & Elias, 2017). O envolvimento dos jovens com a Economia Solidária pode mostrar um caminho de aliar juventude, trabalho e formação, promovendo a construção de outros sentidos para o trabalho através de outras experiências de trabalho (Tiriba & Fischer, 2011). Cabe destacar a relação colocada por Carvalho (2022) entre a Economia Solidária, o protagonismo juvenil e o fortalecimento da organização popular, o que favorece mudanças sociais e a defesa de pautas próprias da juventude, urbana e rural. Ao mesmo tempo, Rueda e Elias (2017) relatam perceber e contar com pouca participação juvenil no movimento de Economia Solidária ao qual fazem parte. Em seu texto, questionam: como levar a juventude a optar pela Economia Solidária?
De maneira semelhante, a pesquisa partiu da realização por parte dos pesquisadores de que, no caso específico da região em que foi conduzida, não havia tanta participação da juventude dentro do movimento da Economia Solidária, especificamente dos empreendimentos solidários encubados pela incubadora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). O único empreendimento solidário com participação juvenil era uma associação de agricultura familiar.
Com isso em mente, este artigo teve como objetivo compreender os modos de trabalho de jovens agricultores sócios da Associação de Agricultores e Agricultoras Agroecológicos da Várzea Paraibana (Eco Várzea), buscando aproximações entre o trabalho desses jovens e as práticas e princípios da Economia Solidária.
1. Procedimentos metodológicos
Esta pesquisa utilizou a base teórico-metodológica da Psicologia Social do Trabalho (PST) (Coutinho, Bernardo & Sato, 2017) para voltar o olhar à Economia Solidária, partindo do entendimento de trabalho enquanto categoria central, tanto em sua historicidade quanto materialidade. Para a PST, a pesquisa em psicologia consiste no esforço de questionar e apontar criticamente “as condições e relações de trabalho que restringem as ações das pessoas, constrangem seus modos de ser e limitam suas condições de vida” (Sato, Coutinho & Bernardo, 2017:14). Trata-se de um posicionamento teórico-metodológico que busca privilegiar os coletivos de trabalhadores e situá-los, concretamente, em seus contextos micro e macrossocial. A pesquisa não pode estar apertada das necessidades dos trabalhadores e a prática deve vir da participação (Bernardo et al., 2015).
Portanto, a pesquisa, de caráter qualitativo, surgiu do envolvimento dos pesquisadores com as problemáticas apresentadas através de ações de estágio, extensão e pesquisa. O estágio em psicologia do trabalho junto à incubadora de empreendimentos solidários (Incubes/UFPB) propiciou um contato maior com o movimento da Economia Solidária em João Pessoa, Paraíba, mais especificamente com os empreendimentos solidários agregados ao EnlaCES e assessorados pela incubadora. O EnlaCES é um espaço virtual e colaborativo para os empreendimentos, dando visibilidade aos seus produtos, serviços, modos de comercialização, histórias de luta, resistência e solidariedade.
1.1 A Feira Agroecológica da Eco Várzea
A pesquisa foi realizada na Feira Agroecológica da Eco Várzea, a primeira feira agroecológica em território paraibano, oficializada desde 2005, onde os jovens deste estudo comercializam os seus produtos. Realizada semanal e presencialmente às sextas-feiras, no campus I da UFPB, em João Pessoa, a feira é conhecida por oferecer uma variedade de alimentos, todos provenientes de uma produção orgânica e agroecológica.
A Feira Agroecológica da Eco Várzea é conhecida dessa forma por ser o espaço de comercialização da associação e de seus agricultores assentados, que carregam um histórico de conflitos pela conquista da terra. Comercializa-se a produção de trabalhadores rurais territorializados em seis assentamentos: Padre Gino, Dona Antônia, Dona Helena, Rainha dos Anjos, Boa Vista e 21 de Abril, localizados nos municípios de Sapé, Conde, Cruz do Espírito Santo e Marí, no estado da Paraíba.
Os sócios da associação organizam-se de forma que uma barraca sucede a anterior, havendo uma variedade de produtos que fica à mostra nas barracas. Alguns exemplos de produções comercializadas são as hortaliças, as carnes e os grãos. Existe também a venda de tapiocas, bolos e doces, considerada um atrativo para os consumidores, em grande parte estudantes. A feira é um espaço de socialização entre produtores e consumidores, contando também com apresentações artísticas.
Participaram da pesquisa três jovens produtores associados à Eco Várzea que comercializam seus produtos na feira agroecológica. Os feirantes da Eco Várzea são majoritariamente pessoas mais velhas, havendo, no momento da pesquisa, somente esses três jovens presentes no cotidiano da feira. Além disso, o critério de inclusão adotado era o de estar em idade para serem considerados jovens (15 a 29 anos, conforme normatiza o Estatuto da Juventude), ser sócio da associação e comercializar os produtos na feira.
A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética (CEP), sob o CAAE de n.º 12941119.7.0000.5188. Foram prezados os cuidados éticos conforme as resoluções Nº 510/2016 e 466/12 do Ministério da Saúde (MS), que normatizam os cuidados a serem tomados em pesquisas com humanos, ou seja, todos os participantes foram esclarecidos quanto à pesquisa e seus objetivos, bem como orientados em respeito à garantia de anonimato, benefícios e riscos assumidos.
Inicialmente, este estudo previu o contato com empreendimentos solidários incubados pela Incubes/UFPB. Para tanto, foi construído um documento de anuência assinado pelo coordenador responsável. Realizou-se o contato via mensagem de celular com os empreendimentos, contudo, não se avançou por ter havido uma grande recusa frente ao fato de que não existia uma juventude participativa e engajada nesses empreendimentos. Identificamos com isso que a Eco Várzea era a única que contava com uma participação juvenil naquele momento.
Constatada que a Eco Várzea possibilitava o contato com sua juventude trabalhadora, os pesquisadores foram a campo com o intuito de obter validação por parte do coletivo de trabalhadores da associação. Devidamente justificada a ida a campo, partiu-se para as orientações em relação aos cuidados éticos, aos objetivos de pesquisa e posterior assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Uma vez estabelecido o contato e recebido o aceite para a participação, foram realizadas cinco idas a campo, em dois meses, no período entre 08:00 e 12:00, às sextas-feiras, dia e hora em que aconteceram as feiras.
Tratou-se, então, de pesquisa de campo, o que permitiu a aproximação dos pesquisadores com a realidade e o estabelecimento da relação com os atores que conformam tal realidade. Utilizou-se como técnica de pesquisa a observação participante, assumida como uma forma privilegiada de aproximação com a realidade. A escolha pela observação participante foi coesa com a posição assumida nesta pesquisa, com foco na produção de conhecimento a partir da interação horizontalizada no local de trabalho.
A observação participante aconteceu da seguinte maneira: as idas a campo possibilitaram que fossem observadas as rotinas de trabalho mais imediatas – a comercialização na feira – e que fossem estabelecidas conversações, que foram registradas em diário de campo. Elas aconteceram de forma que os jovens prosseguissem com suas atividades de trabalho ao mesmo tempo que mantinham uma linha de comunicação com os pesquisadores. O conteúdo de tais conversas variou conforme o que estava acontecendo no momento, em termos de feira e de demandas que se apresentavam para os participantes, com certos direcionamentos da parte dos pesquisadores somente quando considerados necessários. Em linhas gerais, o foco da observação e da comunicação era a atividade de trabalho (o que faziam, como faziam, por que faziam) e as questões sobre ser jovem no campo.
De tal modo, os pesquisadores estiveram em contato com os três jovens participantes em um de seus locais de trabalho – a feira –, o que possibilitou uma maior aproximação com, entre outros elementos, as suas atividades de trabalho, interações entre si e com o espaço, todos igualmente valorizados pela técnica. Maior aproximação também com o desenrolar da feira. Operacionalmente, como forma de integração com o coletivo, os pesquisadores participaram da feira, por exemplo, sentando-se em caixotes, estando atrás e à frente de barracas e ajudando aos jovens trabalhadores com tarefas pontuais do cotidiano de trabalho.
Além disso, fez-se uso de diário de campo como instrumento de pesquisa para as anotações durante e após as idas a campo. Os registros corresponderam ao que foi conversado e observado durante a observação participante, de forma que fosse permitido o registro de reflexões e impressões pessoais dos pesquisadores, além da descrição da situação observada. Medrado, Spink e Méllo (2014) consideram que o diário de campo fornece à pesquisa uma fluidez, por permitir que os pesquisadores construam relatos, dúvidas e impressões, que vão constituir a pesquisa. Entre os diversos usos que os autores acreditam possíveis com o instrumento, nesta pesquisa foi feito o uso do diário de campo como "um texto que compõe nosso corpus de análise" (Medrado, Spink e Méllo, 2014:289).
A análise e interpretação dos dados foram realizadas com base nos pressupostos da análise de conteúdo temática, definidos por Minayo (2012, 2014). Segundo a autora, na análise temática o conceito central é o tema, que pode ser tanto uma palavra quanto uma frase. A análise temática pressupõe encontrar núcleos de sentido no corpus construído que podem significar alguma coisa para o objetivo analítico escolhido.
Metodologicamente, foram seguidas três etapas (Minayo, 2012, 2014): primeiro uma pré-análise, que consistiu na leitura compreensiva do conjunto do material para constituir um corpus, formular e reformular hipóteses, ter uma visão de conjunto e apreender as suas particularidades de forma a determinar as unidades de registro e de contexto, os recortes, a forma de categorização e os conceitos teóricos mais gerais.
A próxima etapa foi de explorar o material, que resultou em categorias analíticas, a serem apresentadas na seção a seguir. Entendeu-se por categoria analítica a redução do texto às expressões ou palavras significativas em função das quais o conteúdo será organizado. Operacionalmente, foram distribuídos trechos, frases ou fragmentos com o objetivo de identificar os núcleos de sentido que levaram à proposição das categorias analíticas.
Por fim, interpretou-se os achados, relacionando-os ao quadro teórico de pesquisa, especificado previamente, e a novas dimensões teóricas e interpretativas originadas conforme o passo a passo da pesquisa.
Os resultados foram ordenados de forma a contemplar as categorias de análise encontradas a partir da análise de conteúdo temática, a saber: os jovens agricultores; o cotidiano de trabalho dos jovens agricultores; a visão de trabalho dos jovens agricultores; formação para e pelo trabalho dos jovens agricultores; coletividade e comunidade para os jovens agricultores; e juventude e Economia Solidária para os jovens agricultores.
Quem são os jovens agricultores que participaram da pesquisa? Solicitou-se que eles escolhessem como gostariam de ser chamados nesta pesquisa, de forma a garantir o anonimato. Tem-se, assim: Genuíno, Bobby e Rick. Os três jovens tinham 21, 23 e 28 anos de idade e eram moradores de um assentamento na zona rural. Eles se referiam à terra como lotes (ou parcelas), que tinham aproximadamente 20m2, e ao assentamento como uma vila.
Genuíno produzia gergelim, fava, feijão, milho e macaxeira. Por sua vez, Rick produzia a maior variedade de alimentos entre os três, incluindo couve-flor, brócolis, alface, coentro, cebolinha, tomate e cenoura. Bobby, com sua família, mais especificamente a sua avó, produzia macaxeira, batata e húmus, além de comercializar ovos.
Sobre as suas trajetórias de trabalho, Genuíno relatou que sua experiência se resume às atividades no lote de sua família, diferente de Rick e Bobby, que saíram em busca de oportunidades de emprego. Enquanto Bobby logo retorna ao campo, Rick passou anos em empregos pela cidade. Como exemplo, trabalhou como "faz-tudo" em um mercado.
Em termos de escolaridade, Genuíno possuía planos de ingressar no ensino superior. Estava aguardando o período letivo começar e pensava com frequência como faria para que seus estudos dessem certo, não prejudicando o trabalho no campo e na feira. Ele contou que estava pensando em construir um esquema de irrigação automática do plantio, possibilitando ficar a semana estudando em outra cidade, retornando aos fins de semana para tratar de plantar e cuidar do lote. Por sua vez, Bobby contou que cursava o ensino técnico, mas que desistiu por não se identificar. Rick pouco comenta sobre sua trajetória de estudos, focando grande parte de seus comentários em seu histórico de anos em outros empregos, fora do campo.
2.2 O cotidiano de trabalho dos jovens agricultores
Em relação à rotina de trabalho no lote, os trabalhadores seguem uma programação mais ou menos similar. De segunda a quinta-feira, eles se dedicam ao cultivo e manutenção de seus lotes, cuidando de tarefas como limpeza, controle de pragas e garantia de água. Os jovens agricultores decidem por si próprios quais tarefas realizar e em que momentos. Genuíno, por exemplo, que mora a quinze (15) minutos a pé de seu lote, descreve sua preferência por atividades matinais de limpeza e atenção à horta, enquanto reserva as tardes para a irrigação. Rick diz despender mais energia na melhoria de seu lote, ele conta, como exemplo, da construção de uma estufa para o cultivo de tomates.
Nas quintas-feiras, o foco muda para a colheita e a preparação dos produtos para venda na sexta-feira. Esse dia é particularmente agitado, começando cedo com a colheita e terminando tarde com a seleção dos produtos. Às sextas-feiras, os jovens começam a trabalhar cedo, com o ônibus partindo para o ponto de comercialização dos produtos no início da madrugada. No ponto de comercialização os agricultores organizam a estrutura da feira, montando e desmontando barracas e ordenando os alimentos, por exemplo.
Os jovens desempenham atividades distintas entre si, em paralelo ao trabalho com a terra. Genuíno atua como tesoureiro da associação em que é sócio, cuidando das finanças e balanços para apresentar os números em assembleia. Os dados são organizados em planilhas, que Genuíno diz gostar de construir. Ele também é envolvido na gestão das redes sociais da associação. No entanto, ele relata os desafios que encontra na produção de conteúdo a ser publicado. Por sua vez, Bobby é o secretário, responsável por levantar e organizar as pautas da assembleia, e gerencia o site, organizando produtos para a venda online, além da tarefa de estar em contato com os agricultores e clientes da feira. Parte do trabalho de comercialização é preenchida pelas vendas online. O consumidor vai até o site da associação e seleciona o que gostaria de comprar, essa informação é repassada a Genuíno que recolhe e agrupa os produtos selecionados em cestas, que o consumidor recolhe durante a feira ou, caso prefira, recebe em casa.
Bobby relata gostar pouco de suas funções de secretário e que não consegue lidar bem com as responsabilidades assumidas. Genuíno tem uma posição mais positiva em relação à diretoria, acreditando que a responsabilidade maior é a de contribuir com a associação, algo importante, e que ser o tesoureiro fez com que se aproximasse de outros trabalhadores. Ambos gostariam que as responsabilidades fossem compartilhadas, de forma que todos os sócios tivessem a oportunidade de participar e contribuir com a associação.
Além disso, os jovens trabalhadores visitam periodicamente os lotes de outros associados, realizando inspeções, como chamam, para garantir que os produtos sejam cultivados de forma orgânica e em conformidade com o que é vendido. Quanto a essas visitas, Genuíno relata que entra em contato com diferentes técnicas de plantio e Rick as descreve como rápidas e nem sempre bem recebidas pelos agricultores. Essas visitas normalmente envolvem três ou mais associados e um técnico, como descrevem os trabalhadores, e acontecem de forma a averiguar se a produção é mesmo agroecológica, considerando que os produtos são vendidos como tal. Acontece de tal forma porque a associação é uma OCS (Organização de Controle Social) e objetiva a confiança entre produtores e agricultores e a responsabilização coletiva pela qualidade do produto comercializado.
2.3A visão de trabalho dos jovens agricultores
Os trabalhadores sempre viram na agricultura familiar uma oportunidade de trabalho, embora nem sempre de renda. Genuíno, por exemplo, acredita que apenas aqueles que não querem trabalhar a terra ficam de fato desempregados. Também que observa que outros jovens da região preferem buscar empregos na cidade em vez de trabalhar no campo, o que ele considera comum. Rick é um exemplo disso, pois saiu da zona rural em busca de emprego. Ele relembra que sua experiência com esses empregos foi ruim e justifica tal percepção com a jornada exacerbada de trabalho e a falta de reconhecimento. Um dos motivos que o levou a abandonar o campo foi o desejo de possuir bens (por exemplo, um celular e uma motocicleta) e o assalariamento, de acordo com ele, proporcionava melhores condições de adquiri-los.
Os três têm histórias semelhantes relacionadas ao cultivo em suas terras desde tenra idade, ajudando familiares e participando de feiras. No entanto, na infância, essa ajuda não era considerada trabalho, pois somente gerava renda para os pais. Na percepção dos jovens agricultores, a ideia de ajudar no lote é vista como natural. Suas famílias não contratam trabalhadores externos e contam com a ajuda dos filhos, que têm acesso a moradia e alimentação gratuitas e por isso devem ajudar. Em outras palavras, é esperado que eles demonstrem gratidão por terem onde morar e o que comer. Considerar a ajuda aos pais como um trabalho emerge quando eles passam a desejar mais do que comida e moradia, no caso dos três, por volta dos 14 anos. Segundo os jovens, a ajuda no campo (limpar canteiros, por exemplo) tornou-se mais árdua a partir do momento em que foram crescendo, contudo, era mantida em um único turno do dia para não afetar a ida à escola. Bobby comenta que nem sempre gostava de ajudar seus familiares, que por vezes encontrava algumas formas de não ir.
Genuíno se orgulha de seu trabalho por se tratar de uma produção orgânica e agroecológica, que tem sentido para ele e sua família por ser comprometida com a preservação ambiental. Para Bobby, o trabalho na terra proporciona boas condições de vida e a oportunidade de fazer o que gosta. Ele enxerga o sustento como ter o que comer e onde morar. Rick encontra sentido no que faz porque valoriza possuir a liberdade de, por exemplo, melhorar seu lote.
2.4 Formação para e pelo trabalho dos jovens agricultores
Genuíno, Bobby e Rick adquirem diferentes conhecimentos por meio de seu trabalho. Por exemplo, o trabalho proporcionou para Rick uma mudança de hábitos alimentares, preferindo alimentos orgânicos e de produção agroecológica, transformando a sua forma de consumo. Além disso, seu esforço para modernizar seu lote o levou a aprender a otimizar o tempo e a produção, incluindo a adoção de tecnologias sustentáveis, como sistemas de irrigação por gotejamento.
Genuíno, por outro lado, é considerado pelos outros dois um produtor inovador por experimentar diferentes abordagens no plantio. Por exemplo, ele acredita que o espaçamento do feijão influencia na colheita e que plantar feijão grão a grão com menor espaçamento resulta em uma melhor colheita. Esses são conhecimentos que foram apreendidos na prática cotidiana de trabalho. Ele também aprendeu que algumas pragas têm preferências específicas por tipos de cultivo, o que o ajuda a evitar problemas em sua plantação. O seu conhecimento geográfico do lote o ajuda na irrigação. Ele cultiva a horta em porções mais baixas, sabendo que a sua fonte de água se localiza em porções mais altas; assim, a irrigação é facilitada pela gravidade.
Bobby concentra-se mais no artesanato, especialmente na escultura em madeira. Ele se autodenomina autodidata, começou com peças pequenas, como chaveiros, e agora cria produtos maiores. A sua prática proporciona o conhecimento sobre os diferentes tipos de madeiras e ele considera o uso da internet como uma forma de estar sempre atualizado. Bobby também considera o mercado ao escolher o que produzir, focando em itens práticos, como colheres de pau e utensílios de cozinha, em vez de peças artísticas, acreditando que têm maior potencial de venda.
2.5 Coletividade e comunidade para os jovens agricultores
Existe um forte senso de comunidade por parte dos três para com os outros trabalhadores e também moradores dos assentamentos. Os três consideram que a comunidade é crucial para a sobrevivência da feira. Com exceção de Rick, que teve um período de afastamento e ingressou na associação há menos tempo, os jovens afirmam conhecer todos os membros, ou seja, todos os agricultores associados. Devido a associação se tratar de uma OCS, eles enfatizam que todos têm responsabilidade na produção de todos. A feira é organizada de tal forma que os produtos variam de acordo com cada agricultor associado, proporcionando uma ampla variedade de produtos aos consumidores e reduzindo a competição entre os associados. Por exemplo, Rick cultiva couve-flor porque percebeu que os outros agricultores não o fazem, e quando um cliente procura algum alimento que não dispõe, ele encaminha para outra barraca.
Além disso, a feira é gerida de forma horizontal, com decisões tomadas coletivamente em assembleias realizadas aproximadamente a cada dois meses. Nessas reuniões, os associados discutem questões financeiras, além de permitir que os membros apresentem tópicos que considerem relevantes. Assembleias são consideradas fundamentais para definir o futuro da feira. No entanto, houve um período em que a participação nas assembleias era menor. Isso ocorreu porque alguns associados não compreendiam plenamente a importância das assembleias, e comparecer a elas significava, por exemplo, um dia em que não poderiam trabalhar em seus lotes. Para solucionar isso, a associação introduziu uma medida punitiva: quem não comparece às assembleias não pode participar da feira na semana seguinte. Isso, de acordo com eles, incentivou uma maior adesão.
Como dito, os jovens trabalhadores percebem a importância das assembleias quando consideram que a sobrevivência da feira depende da coletividade e da vida em comunidade. Eles também mantêm um fundo rotativo que atua como uma forma de ajuda mútua entre os associados, fornecendo apoio financeiro a quem precisa. O fundo começou com R$2.000, uma quantia em dinheiro que a associação levantou. O associado pode retirar até R$500, respeitando uma fila de espera, e começa a pagar em parcelas a partir de R$25, que seria o valor mínimo.
2.6 Juventude e Economia Solidária para os jovens agricultores
Quando os jovens agricultores discutem juventude, o fazem em relação ao contexto da pandemia. Segundo eles, os jovens da associação e dos assentamentos se envolveram mais com a feira devido às necessidades específicas que surgiram durante a pandemia da covid-19. Com as restrições de isolamento e distanciamento social, os jovens tiveram a ideia de começar a vender produtos pelo site e, posteriormente, lideraram a retomada das vendas presenciais quando a situação permitiu. Isso ocorreu porque muitos dos agricultores mais velhos, muitos dos quais são idosos e considerados grupo de risco, tiveram que parar de vender pessoalmente e permanecer em casa. Consequentemente, Genuíno, que já estava envolvido na feira, teve que assumir mais responsabilidades, e Bobby começou a gerenciar as vendas dos produtos de sua avó, o que trouxe um novo sentido para ele sobre o que é o trabalho associado. Genuíno, por exemplo, passou a se encarregar das cestas, que se tornaram essenciais para as vendas. Esse movimento resultou em um maior envolvimento dos jovens na feira, algo que não era tão comum no passado da Eco Várzea.
Outro ponto relevante é a valorização recente e crescente dos jovens na feira, algo que os três relatam notar. De acordo com eles, isso está relacionado principalmente à questão da sucessão. Eles reconhecem que as pessoas mais velhas, que são a maioria, eventualmente ficarão cansadas e se afastarão das atividades que realizam na feira. Portanto, a participação ativa dos jovens é crucial, uma vez que a sobrevivência da feira dependerá, em algum momento, deles. Além disso, percebem que é atribuído aos jovens da feira os atributos da inovação, criatividade e disposição para experimentar, considerados uma qualidade. Bobby, por exemplo, faz comparações entre a forma que Genuíno planta e a forma dos agricultores mais velhos, sugerindo que os métodos tradicionais nem sempre são os mais eficazes. Ele também menciona o desejo constante, especialmente de Rick e Genuíno, de modernizar o trabalho e criar ferramentas para torná-lo mais eficiente. São exemplos de aspectos importantes que eles dizem aparecer mais na feira com a presença da juventude.
Os três participantes concordam que os acontecimentos relacionados à pandemia da covid-19 desempenharam um papel fundamental na relação existente entre os jovens, a associação, a feira e a agricultura familiar. Durante o período da pandemia, o protagonismo e a presença dos jovens se tornaram mais evidentes, com a juventude assumindo a liderança na comercialização de produtos e proporcionando uma fonte de renda para os agricultores que não podiam sair de casa devido ao risco de contrair o vírus. Todos os participantes associam a pandemia ao aumento da participação dos jovens nos dias de feira e, consequentemente, ao maior envolvimento com a associação.
Esse período destacou a força de um coletivo de trabalho. Isso porque, de um lado, foi o trabalho de algumas pessoas, especialmente os jovens, que possibilitou que outros trabalhadores permanecessem em casa, sem prejuízos na renda, e de outro lado, que fez com a feira continuasse funcionando. Destacou, também, como refletir sobre protagonismo juvenil e convidar a juventude para os espaços é importante para reforçar um não assujeitamento dos jovens e para afirmar que as experiências juvenis não estão restringidas somente a um momento de passagem (Tiriba & Fischer, 2011). Nesse contexto, o trabalho associado pautado na autogestão e na Economia Solidária pode fortalecer, por exemplo, a construção de uma autoestima positiva em relação ao trabalho rural, de organizações populares, como a própria Eco Várzea, e de pautas próprias à juventude rural, como tem observado Carvalho (2022).
É também importante ressaltar que durante o período da pandemia o mercado de trabalho foi marcado pela demissão de jovens de seus empregos ou pela eliminação de oportunidades de trabalho, o que resultou em dificuldades significativas para eles. A Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2021) descreveu esse momento como uma crise do emprego juvenil. A implicações do período de pandemia para o mundo do trabalho e para os trabalhadores também foram discutidas por Coraggio (2021), que enfatizou o seu potencial de impactar negativamente a integração social das pessoas. Nesse momento de desintegração ao trabalho, no contexto da associação e da feira aconteceu que, com o trabalho associado, os jovens ganharam espaço para se tornarem participativos no trabalho com a terra, além da obtenção de renda, diferente do que se relatava sobre desemprego juvenil. Assim, parte do protagonismo dos jovens observado na associação e na feira, pelo menos nos tempos recentes, tem suas raízes no início da pandemia de covid-19.
Sobre as suas rotinas de trabalho, os três participantes seguem uma que gira em torno dos lotes onde cultivam os produtos que posteriormente serão vendidos. Isso inclui atividades de plantio, colheita e manutenção, como a limpeza dos canteiros e garantir que haja água suficiente. Em certos aspectos, os três compartilham um cotidiano de trabalho semelhante, como o fato de as quintas-feiras serem dedicadas à colheita e as sextas-feiras à venda dos produtos. Em relação aos horários e turnos de trabalho, eles têm autonomia para decidir quando começam e terminam suas tarefas. Também têm a flexibilidade de escolher quais demandas atender e em que ordem, com base nas necessidades mais prementes no momento. Além disso, constantemente estão pensando em maneiras de aprimorar seus lotes e métodos de cultivo, o que desempenha um papel significativo em seus planos futuros.
O processo de produção, o ritmo e a intensidade empregados, o que se produz e para quem, a precificação, como irão distribuir a produção excedente, entre outras decisões cotidianas de trabalho, cabem unicamente aos jovens trabalhadores, que decidem conforme acreditam ser o melhor para si, a terra e a feira.
Participar da feira para vender seus produtos semanais é apenas uma pequena parte de uma carga de trabalho que muitas vezes se estende ao longo da semana, incluindo fins de semana, em ambos os períodos do dia. Isso muitas vezes ocorre ao mesmo tempo que outras responsabilidades relacionadas ao trabalho, como a gestão das redes sociais da associação e as visitas aos lotes de outros assentados. Para dois dos jovens, as atividades da diretoria ocupam tanto tempo quanto o trabalho no campo, além do trabalho relativamente recente com a internet. Um exemplo é o site da associação. Gerir o site com um sistema virtual de compras, que permite aos consumidores fazerem suas compras com antecedência para retirada na feira, destaca o desafio da comunicação eficaz entre todos os trabalhadores envolvidos. Isso envolve quem coleta informações sobre os produtos que estarão disponíveis na semana, quem gerencia os carrinhos dos consumidores, quem coleta os produtos e os prepara em cestas. Para esses dois jovens, isso é apenas uma parte do que fazem em um dia típico.
Pode-se observar uma carga de trabalho "invisível" que faz parte do cotidiano desses dois jovens. O trabalho desses jovens extrapola a produção e a comercialização dos produtos. Assim, pode-se pensar até que ponto a intensificação e multiplicação de tarefas e responsabilidades, que de início trazem mais comprometimento e participação dos jovens trabalhadores na feira e associação, com o tempo não se tornará uma sobrecarga de trabalho, podendo levar, por exemplo, ao adoecimento? Até que ponto a concentração dessas responsabilidades em um grupo menor de trabalhadores não interfere no coletivo como um todo, do ponto de vista dos benefícios com o compartilhamento do trabalho em prol da coletividade?
Outro ponto de destaque em relação aos modos como trabalham os jovens agricultores diz respeito às visitas aos lotes, realizadas pelos membros da associação, que também ocupam parte do dia a dia de trabalho. Os jovens participantes têm diferentes perspectivas sobre essas visitas. Para um deles, essas visitas podem ser oportunidades de aprendizado com os outros membros da associação (por exemplo, aprender a cultivar outros tipos de alimento), enquanto outro acredita que os produtores nem sempre apreciam essas visitas, que geralmente têm o objetivo de vistoriar e fiscalizar. Essas visitas servem principalmente para certificar que a produção é genuinamente orgânica, garantindo a qualidade dos produtos e fortalecendo a relação entre produtores e consumidores. Sobre elas, é importante perceber que, quando não servem de fiscalização sobre o trabalho do outro, podem potencializar os laços entre os trabalhadores do campo, criar momentos valiosos de compartilhamento de conhecimentos e fortalecer a relação comunitária, aspectos que estão na base da Economia Solidária. Quando as visitas se concentram em lotes dentro do mesmo assentamento, isso pode ser ainda uma maneira de promover práticas de boa vizinhança, incentivar a participação e a integração.
Considerando que a associação e a feira sobrevivem do trabalho associado e da relação de comunidade, pode ser uma forma de garantir a sua sobrevivência a longo prazo. Pode emergir disso a prática de reconhecer um coletivo que se preocupa com o que é melhor para a associação e, por extensão, para todos os membros. As visitas aos lotes, realizadas com os objetivos mencionados anteriormente, refletem também a preocupação coletiva com os princípios de produção defendidos (orgânicos e agroecológicos).
Além disso, os jovens trabalhadores estão territorializados em assentamentos, compartilham uma história comum de lutas pela terra, trabalham onde residem e se conhecem há bastante tempo. Nesses moldes, a feira e os assentamentos se tornam algo que pode ser descrito como um "espaço formado por relações solidárias", de acordo com o entendimento de Sato et al. (2021, p. 06). Esses laços comunitários e de solidariedade foram considerados por eles como importantes para a manutenção e sobrevivência da feira. Isso permite que sejam construídas relações solidárias que sustentam essa economia alternativa e moldam novas perspectivas individuais e coletivas (Sato et al., 2011), produzindo também oportunidades de integrar os jovens e o trabalho, como se vê acontecendo com a Eco Várzea.
Ainda nesse sentido, Sato et al. (2021), ao apresentarem um caso com trabalhadores da Economia Solidária, do campo e cooperados, perceberam que eles cotidianamente articulam política, memória e projeto de sociedade, ao praticar a autogestão em uma perspectiva do trabalho em sua totalidade e da terra como lugar de vida. Embora que os três jovens terem relatado pouco sobre isso, eles produzem e vivem em lotes conquistados em lutas políticas pela terra. A integração dos jovens assentados à associação e feira, compartilhando com eles a história da luta política dos assentamentos, pode ser uma forma de manter presente a questão da luta pela terra, que muito se aproxima das pautas vivenciadas pelos trabalhadores da Economia Solidária.
De fato, o lote onde residem e trabalham é central em suas vidas. Para eles, pensar em trabalho envolve o lote e, mesmo quando não pensavam em trabalho, já estavam envolvidos com aquele que acontecia no lote, como se pode observar com a questão da ajuda já na infância, um elemento comum na história de vida e na trajetória de trabalho dos jovens participantes. Pode-se notar que essa inserção precoce no trabalho incluía não apenas as idas às feiras com seus familiares, desde os tempos em que acompanhavam seus pais nas feiras livres, mas também a participação na Eco Várzea. Colaborar com as tarefas relacionadas à terra era considerado algo completamente natural para os jovens, principalmente porque viam isso como uma maneira de expressar gratidão pelo apoio que recebiam de suas famílias, em termos de provisão de alimentos e moradia.
Conforme o passar do tempo, os jovens agricultores começam a reconhecer como uma atividade de trabalho legítima o que antes era apenas considerado como ajuda. Esse reconhecimento ocorre quando eles começam a aspirar a possuir bens, além da comida e abrigo. Assim, a percepção de que o trabalho com a terra é, de fato, um trabalho, surge quando passam a considerar a necessidade de obter recursos financeiros para satisfazer necessidades pessoais, em vez de apenas as necessidades da família. Abandonar o campo em busca de emprego assalariado foi uma etapa na trajetória de trabalho de dois dos três jovens, e eles justificaram essa mudança principalmente devido ao dinheiro.
Além disso, para esses jovens a migração da juventude para longe do campo é algo comum. Eles reconhecem que para alguns deles o campo nem sempre oferece oportunidades de trabalho e renda. Esse aspecto da relação dos jovens com o campo é também considerado por Scopinho (2015) e Santos, Souza e Martins (2022), que enfatizam a importância de considerar a questão do êxodo rural na perspectiva de quais são os projetos de vida que os jovens estão construindo e se eles incluem o campo. No caso de Scopinho (2015), o trabalho era visto pelos jovens de sua pesquisa como ajuda para a família até que aparecesse oportunidades melhores. A escola materializaria o caminho para superar a condição provisória de ajudar a família com a terra.
No caso específico desta pesquisa, os jovens consideram que a educação é uma forma complementar ao trabalho na terra. Por exemplo, para Genuíno a formação superior pode ser útil ao lote e estudar pode ser intercalado com o trabalho. Para Bobby, o interesse era o de estudar assuntos correlatos à agroecologia. Pode-se pensar, nesse caso específico, que a identidade camponesa positiva associada ao tipo de trabalho realizado tem relação com o fato de esses jovens permanecerem no campo. Nesse sentido, conforme descreve Carvalho (2022), a experiência com o trabalho associado e a Economia Solidária pode também possibilitar a esses jovens uma maior permanência no campo, por permitir, via cooperação, o maior acesso aos recursos, financeiros e materiais, e a assessorias técnicas. Como se tem enfatizado, a experiência com o trabalho associado e a Economia Solidária ainda se relaciona com o fortalecimento de vínculos sociais. São esses vínculos, por exemplo, que permitem que exista a feira da Eco Várzea.
Pôde-se perceber que o trabalho tem também uma dimensão formativa na vida dos três participantes. Não em sentido de uma educação mais convencional, como a participação em oficinas ou cursos, mas sim de desenvolvimento pelo trabalho. Isso significa que a formação para o trabalho não é apenas tornar-se qualificado para o que se faz, mas reconhecer a possibilidade de os jovens se tornarem “governantes de seu trabalho, dos rumos da organização econômica, da sociedade, do mundo” (Fischer, Pereira & Tiriba, 2013: 75) e de formar o jovem trabalhador “autogestor no trabalho (formação técnica), na cultura (formação social e política) e na vida social em geral (cultural e moral)” (Nascimento, 2005).
Desenvolver-se pelo trabalho significa também aprender enquanto se trabalha, uma parte intrínseca do dia a dia dos três trabalhadores, também incluindo aprender a lidar com situações imprevistas. Isso engloba conhecer o terreno, identificar as necessidades da terra, aprender a otimizar o espaço disponível, reconhecer as pragas que podem prejudicar o plantio, desenvolver estratégias para lidar com elas, aprender o que plantar, como cultivar e quando colher. Tudo isso são exemplos de como o trabalho oferece uma valiosa formação aos três. De acordo com Tiriba e Fischer (2013), os processos de trabalho nos moldes da Economia Solidária também têm um caráter educativo em outros aspectos, pois ensinam aos jovens a importância de fortalecer as maneiras alternativas de conduzir a vida e propõem uma via de superar o desemprego e a lógica de exclusão do mercado de trabalho.
Em relação ao desenvolvimento através do trabalho, é importante que o trabalho suscite reflexões como: o que aprendem aqueles que se associam, de forma solidária, para produzir a sua existência? Que contradições vivenciam? Como as processam? Que saberes estão construindo? Nessa direção, embora os jovens trabalhadores não terem demonstrado um conhecimento formal sobre Economia Solidária, foi observado que muitas das práticas deles e de seus pares se alinham com os seus princípios, além de serem autogeridas. Dois exemplos disso são a comercialização coletiva na feira, onde as decisões são tomadas de forma colaborativa e solidárias, e a realização das assembleias como forma privilegiada de integrar e dar voz a todos os trabalhadores associados.
As assembleias acontecem bimestralmente, seguindo uma pauta que parte desde os tópicos mais corriqueiros sobre o funcionamento da associação e feira para as pautas mais particulares e urgentes. Os sócios têm a liberdade de incluir quaisquer pontos de pauta. No caso da associação da Eco Várzea, a assembleia é uma obrigação para todos os sócios, considerando que aquele que injustificadamente não comparecer é penalizado. Os associados costumavam argumentar que o dia de assembleia era um dia sem produzir, considerando tomar parte do tempo e, em alguns casos, precisar que o sócio se desloque até onde ela se realiza, pois vivem em assentamentos em municípios diferentes.
O que se percebe é a necessidade de evidenciar que a assembleia, para além de sua importância em termos de autogestão e tomada de decisões democráticas entre trabalhadores, é também um espaço de produção, pois produz-se nela sociabilidade, solidariedade para com os demais e sentimento de pertença. Isso também é verdadeiro para as funções de diretoria, que, ao invés de serem democratizadas – passando de um sócio a outro, de forma que todos as compreendam e saibam fazer – e de serem entendidas como uma forma de contribuir com a associação, passam a ser encargos que ninguém gostaria de ter. Tais formas de olhar para as assembleias e para os cargos de confiança têm um impacto para as práticas autogestionárias. Singer (2002) coloca, por exemplo, que o que chama de “lei do menor esforço” e o desinteresse corroem a autogestão.
Pôde-se perceber que os modos de trabalho dos jovens trabalhadores têm suas semelhanças. Os jovens participam de todo o processo de produção – desde o cuidado inicial com a terra até a comercialização –, em um cotidiano de trabalho permeado por inúmeras decisões individuais/familiares sobre o lote e coletivas/comunitárias sobre a feira e os assentamentos em que vivem. O processo de trabalho denota que eles têm a posse de sua produção, produtor e produto não estão despregados, e que há uma relação específica com a produção e o fruto do trabalho, que é impactada positiva e especialmente pelo orgulho de produzir produtos agroecológicos.
Embora o trabalho seja importante como provedor de sustento, aqui extrapola a renda ao permitir que os jovens trabalhadores socializem, desenvolvam uma identidade positiva em relação ao que fazem, pertençam a um coletivo e à comunidade e contribuam com algo maior. A própria associação, de um lado, e a sociedade, de outro, por produzirem produtos livres de agrotóxicos. Isso está relacionado com a Economia Solidária na medida em que ela, além de levar trabalho e renda a quem precisa, procura difundir um modo democrático e igualitário de trabalho, incentivando a construção de laços solidários, relações de confiança, responsabilidade com o outro, e um senso de coletividade como formas de resistir à precariedade do emprego.
Assim, embora o termo autogestão pareça estranho para os jovens trabalhadores, práticas autogestionárias estão presentes em seus modos de trabalho. Exemplos são a realização de assembleias, a coletivização das decisões relacionadas à associação e feira, a cooperação entre trabalhadores, entre outros. A atenção a como esses jovens trabalham possibilitou vislumbrar como o trabalho compreende também uma dimensão educativa/formativa. Aprender trabalhando e/ou aprender para trabalhar pode ser parte importante de uma maior participação juvenil, para além de fonte de desenvolvimento. Pode ser também uma forma de promover a permanência da juventude no campo, se assim for o projeto de vida desses jovens.
Um outro dado a ser destacado é o de que não há uma alta participação juvenil nos EES incubados pela Incubes/UFPB que foram contatados. Essa é uma característica do movimento da Economia Solidária na região, ao menos em relação aos muitos EES que mantêm relações com a incubadora, algo que foi observado em ações de estágio e que motivou a pergunta de pesquisa de investigação da pesquisa. Logo, pôde-se encontrar uma juventude engajada somente em contexto de trabalho associado e de agricultura familiar. Ainda assim, tais jovens desconhecem formalmente o que é a Economia Solidária e os seus princípios.
Com isso em mente, a pesquisa propôs avançar nas discussões sobre a realidade campesina, a juventude rural, e a presença da Economia Solidária em práticas autogestionárias não nomeadas como tal. Como se argumentou, a pouca participação de jovens no movimento da Economia Solidária, o que justificou a investigação aqui apresentada, já tem sido alvo de questionamentos (Elias & Rueda, 2017). Conforme chamou a atenção Liboni e Heloani (2016), são pouco presentes estudos sobre juventude e trabalho que dão visibilidade aos jovens do campo, o que os torna prementes, especialmente os que fornecem protagonismo aos jovens. Trata-se de um esforço de compreender essas novas formas de a juventude produzir, trabalhar e viver coletivamente.
Por fim, pôde-se perceber que adotar os marcos teóricos-metodológicos da PST proporcionou à pesquisa uma abordagem considerada coerente com o objetivo da pesquisa. A produção científica existente dos estudos em Economia Solidária tendo como base a PST possibilitou compreender qual a relação da Psicologia com o campo e quais demandas a Economia Solidária requer do psicólogo. A observação participante possibilitou uma maior aproximação com os jovens trabalhadores, construindo ao longo da pesquisa uma relação de confiança importante para se chegar às considerações sobre o trabalho e a vida desses trabalhadores. O diário de campo, por sua vez, tem também relação com o vínculo entre pesquisadores e trabalhadores, pois, ao abandonar o gravador e focar na participação e interação, alguns saberes vão sendo construindo especificamente como resultado das trocas.
Como contribuição para o campo da Economia Solidária e para práticas futuras, sejam de pesquisa ou extensão, a pesquisa aponta para a importância de formações em Economia Solidária, considerando a aprendizagem tácita tão valiosa dos trabalhadores associados, a troca de experiências intergeracionais, e a perspectiva de que essa formação deve acontecer não só no sentido estrito de ensinar-lhes algo, mas também no de reconhecer em suas práticas o que se pode chamar de Economia Solidária e os ganhos disso. Como perspectivas para estudos futuros, reafirma-se um ponto importante, que é continuar investigando que espaços ocupam os jovens dentro do movimento da Economia Solidária e o que pode explicar os relatos da sua baixa participação.
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